CARROS ELÉTRICOS, TESLA, BATERIAS E A REVOLUÇÃO ENERGÉTICA
POR QUE?
Os carros elétricos, até pouco tempo atrás, eram vistos pela maioria das pessoas como algo distante. Algo que, um dia, em um futuro longínquo, poderia substituir os veículos a combustão. É impressionante, portanto, a velocidade com a qual as previsões mudaram.
O mercado de veículos elétricos cresceu 8 vezes em 2016, mais que o de veículos a combustão interna (VCIs) e, até o fim de 2017, estima-se que haja mais de 3 milhões de carros elétricos no mundo. Até 2030 haverão mais 100 milhões, ou mais, na ruas!
Até 2021, a Bloomberg New Energy Finance estima que mais de 4% do mercado Americano, Chines e Europeu serão de carros elétricos, conforme o gráfico abaixo:
Não foi sempre assim. Na primeira era da mobilidade elétrica, há mais de cem anos atrás, no começo do século 20, o mundo assistiu a um “boom” no crescimento do volume dessa tecnologia.
Imagine que, em 1912, o mundo chegou a ter uma frota de 30 mil carros elétricos andando pelas ruas! Porém, a tecnologia de armazenamento de energia das baterias, algo crítico até hoje, não estava pronta, o motor a combustão venceu e dominou por mais de um século o mercado automobilístico.
Foi apenas nos últimos 10 anos que os carros elétricos voltaram novamente a ser considerados, devido a necessidade de descarbonizar a matriz elétrica mundial. A frota automobilística responde por mais de 11% das emissões de GEE (Gases do Efeito Estufa) no mundo e a diminuição desse número é importantíssima se quisermos evitar o aquecimento global.
A China, hoje o maior mercado do mundo, também tem um problema sério de poluição das suas cidades que está, literalmente, sufocando sua população. Dado que as cidades tendem a ser tornar mais densas no futuro, a necessidade de uma matriz de transporte limpa se torna ainda mais necessária.
Mas não é só isso, veículos elétricos tendem a se tornar parte da infra-estrutura da matriz elétrica mundial e é aí que o tema se torna ainda mais interessante!
A TESLA E AS DEMAIS MONTADORAS
Há outros “drivers” para o crescimento do mercado de carros elétricos e um que considero notório é a existência da Tesla. Se a Tesla não tivesse existido, o mundo ia ter levado mais tempo para levar o carro elétrico a sério.
O empresário Elon Musk adquiriu a Tesla em 2004 e levou anos aperfeiçoando a linha de veículos da empresa, que sempre foi 100% elétrica. Inicialmente, criou um carro esporte caro (o Roadster), que teve o propósito de gerar aprendizado sobre as baterias e os motores. Aos poucos a Tesla foi lançando linhas de menor preço e maior escala para atingir faixas maiores de clientes.
A linha de produtos da empresa é sensacional, ganha prêmios de performance, segurança e tecnologia o tempo todo, e está puxando a revolução do carro autônomo, ou seja, a Tesla tornou o carro elétrico “sexy”.
Fonte: Tesla.
Premiado como o melhor carro do mundo, o Tesla Model S (acima) faz de 0 a 100 km/h em 2,3 segundos!
A Tesla produziu 80 mil carros em 2016 e, hoje, tem um valor de mercado maior do que a Ford, que produziu 6.6 milhões no mesmo ano!
Hoje, portanto, o fato de os veículos elétricos serem respeitados não é mais apenas uma questão ambiental, diversos fabricantes já se atentaram ao movimento e estão criando produtos para atender a esse mercado crescente.
Isso traz opções mais variadas aos diversos tipos de públicos e aumenta a base de clientes que se interessa em possuir um carro elétrico. Abaixo, estão algumas das opções disponíveis atualmente nos mercados internacionais:
A Volvo, por exemplo, anunciou recentemente que, a partir de 2019, passará a fabricar apenas veículos com motores elétricos. A princípio, haverão modelos híbridos mas, no médio prazo, a transição será total.
Diversos países estão adotando regras que fomentam o mercado de elétricos também. Na Noruega, quase 24% do veículos vendidos em 2016 foram elétricos. A França anunciou que pretende banir veículos a combustão até 2040, e a Alemanha até 2030!
Diversos países estão, aos poucos, criando incentivos para o consumidor, como, por exemplo, isenções fiscais, faixas exclusivas, estacionamento exclusivo, entre outros benefícios.
A CONVERGÊNCIA TECNOLÓGICA E OS RECURSOS ENERGÉTICOS DISTRIBUÍDOS
Algo que talvez nem tanta gente tenha percebido é o fato de que, em 2016, a “Tesla Motors” retirou o nome “Motors” para se chamar apenas Tesla.
Esse movimento obviamente não foi a toa. A decisão foi tomada, pois o carro elétrico faz parte de uma revolução maior ainda que a do transporte, que está ocorrendo nesse exato momento, que é a revolução energética.
Não são apenas os veículos que terão sua fonte de energia modificada ao longo das próximas décadas, mas sim tudo o que consome energia, como equipamentos, residências e empresas.
Com o forte crescimento da Geração Distribuída, principalmente através da fonte solar, os consumidores de energia passaram a ter o poder de também produzir sua própria energia elétrica. O consumidor passa agora a ser um “Prossumidor”.
Quem, antes, apenas pagava a conta “de luz”, torna-se o centro das atenções e ganha o poder de decisão sobre como gerar, armazenar e controlar sua própria energia.
Prova dessa revolução foi a aquisição da Solar City, maior empresa de energia solar fotovoltaica dos Estados Unidos, pela Tesla, em 2016, por US$ 2,6 bilhões.
Imagine só que, em um futuro próximo, o “poço de petróleo” estará em cima do telhado da sua casa, gerando energia através de células fotovoltaicas. E o “posto de gasolina” na sua garagem, no carregador de bateria do seu carro elétrico!
Fonte: Tesla.
Além disso, o banco de baterias do veículo elétrico poderá ser utilizado, por exemplo, como backup, no caso de queda de energia durante a noite. Poderá injetar energia na rede em um horário em que a tarifa for mais alta, entre outras possibilidades.
Isso significa que o veículo passa a ser parte integrante da rede elétrica, o que se convencionou chamar de um Recurso Energético Distribuído.
Existe um volume infinito de novas oportunidades de negócios que se abrirão com o crescimento desses novos mercados.
É necessária, por exemplo, a construção de uma infraestrutura de milhões de carregadores. Por sua vez, serão necessários mecânicos e técnicos especializados em motores elétricos e baterias.
A rede elétrica passa a ter um comportamento de consumo diferente e, portanto, a comercialização da energia precisa mudar.
Esse movimento tem proporções impressionantes, estima-se que haja, nas próximas décadas, um investimento de mais de US$ 7 trilhões, apenas nas fontes solar e eólica!
FICA MELHOR AINDA!
Tudo isso que está ocorrendo com o carro elétrico não para por aí. Os grandes fabricantes de veículos escolheram suas linhas de carros elétricos para embutir tudo o que existe de mais tecnológico, dado que o consumidor desse tipo de produto adora tecnologia de ponta.
Veja abaixo, por exemplo, o painel 100% digital do Tesla Model S:
Fonte: Tesla.
O mesmo relatório que cito no início do texto, da Bloomberg New Energy Finance, estima que o ano de 2030 será o início da era dos veículos autônomos que poderão ser compartilhados.
Você vai para o trabalho e o carro vai buscar sua esposa em casa para levá-la, na sequência, ao trabalho dela e depois volta para casa para se reabastecer durante o dia em que a luz do sol está fornecendo maior volume de energia, e retorna durante a noite. Ou, senão, você pode pedir um Uber autônomo que te busca no final do expediente! Pode parecer loucura, mas toda essa transformação está ocorrendo agora!
FUNCIONAMENTO DO TESLA MODEL S
Confira abaixo uma demonstração de como funciona o carro autônomo da Tesla Model S.
Por Rafael Garcia Rosa, 19 de outubro 2017, 11h08
Fonte: https://goo.gl/tsqpEH